sexta-feira, 5 de novembro de 2010
On The Road - Monteviéu
Montevidéu é azul: o Rio da Prata, que separa essa capital da vizinha Buenos Aires, é vasto o suficiente e brilhante o bastante para que tenha se impregnado no cotidiano e na alma dos 1,5 milhão de uruguaios que aqui vivem.
A partir do celeste de seu rio-mar, a cidade se espraia para outros matizes. Para o verde dos bairros incrivelmente arborizados, para o colorido de um Carnaval que se caracteriza como "o mais longo do mundo", já que dura 40 dias, entre janeiro e março, e para o azul profundo de noites que prometem não ter fim.
Hospitaleira, tranqüila e ainda segura, a capital do Uruguai se move calmamente e em seu próprio ritmo. O centro e os principais bairros estão interligados por pequenas distâncias que, com um pouco de disposição, podem ser percorridas por vias que facilitam a caminhada. E é impossível passar pelas ondas, pela fauna e pelo marulho da longa orla montevideana -a "rambla", como se diz por essas bandas- com a pressa urbana de quem atravessa um campo minado.
Pelas ruas, o "mate" (chimarrão) se destaca na paisagem, companheiro que é de muitos pedestres, especialmente ao cair da tarde. Com o calor que destila das bem cuidadas cuias de couro, ajuda a equilibrar os efeitos do onipresente vento fresco da cidade, que a todo momento não deixa esquecer que essa é a mais austral das capitais do continente.
Noite clara
Quando as luzes artificiais se acendem, aí é quando Montevidéu acorda de fato. A cidade então pode surgir cinza e escarlate, tingida pela melancolia do bandoneon, a evocar a nostalgia dos tempos de prosperidade desse outrora centro da "Suíça da América Latina", ou a embalar as apaixonadas narrativas que mantêm o respeito ao tango como o mais forte traço de união entre as distintas gerações de uruguaios.
Mas a cidade, apesar de reverenciar suas tradições, não vive do passado. O centro histórico de Montevidéu, a Ciudad Vieja -com o perdão do paradoxo--, é o berço de inovações gastronômicas e culturais, com eventos de moda, dança, música e artes plásticas pululando a cada esquina. Também aí está a maior concentração de "boliches" (casas noturnas) e, conseqüentemente, o bairro é o epicentro da juventude local, que entope as seculares calçadas coloniais aos fins de semana.
Sutil e sedutora, a pequena, elegante e notívaga Montevidéu guarda múltiplos encantos que vai revelando sem pressa e sem alarde, tal qual uma Mona Lisa que, sorridente e caprichosa, contempla o mar.
Fonte: UOL
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1 comentários:
Montevidéu acorda de fato. A cidade então pode surgir cinza e escarlate, tingida pela melancolia do bandoneon, a evocar a nostalgia do
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